Maykon Henrique

COLUNA DO MAYKON HENRIQUE | Reforma Tributária pode provocar saída de empresas em Aparecida de Goiânia
Essas empresas podem buscar municípios com localização estratégica e que estejam mais próximos do consumo final, para reduzir o impacto da nova carga tributária.

Aprovada em janeiro, a Lei Complementar nº 214/2025 — que regulamenta a Reforma Tributária — acendeu um sinal de alerta em diversos municípios do Brasil. Em Aparecida de Goiânia, o empresário Maykon Henrique, que atua na área de gestão para o agronegócio e acompanha de perto os impactos da legislação sobre o setor produtivo, afirma que o novo cenário tributário pode provocar um êxodo de empresas da cidade.
Segundo Maykon, a principal preocupação está na mudança do modelo de arrecadação: “Com o fim dos incentivos fiscais e o início da cobrança no destino — ou seja, onde a mercadoria é consumida — Aparecida perde um dos seus maiores atrativos para instalação de indústrias. Isso atinge diretamente a base econômica da cidade, que se desenvolveu graças a esses benefícios.”
A LC 214/2025 substitui tributos como ICMS, ISS, PIS e COFINS pelos novos IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), com o objetivo de simplificar a cobrança e aumentar a transparência. No entanto, a medida gera incertezas para empresas que se instalaram em Aparecida justamente por causa das vantagens fiscais oferecidas até então.
Setores industriais ameaçados
De acordo com Maykon, indústrias dos setores de alimentos, cosméticos, medicamentos e embalagens são as mais vulneráveis à mudança. “Essas empresas podem buscar municípios com localização estratégica e que estejam mais próximos do consumo final, para reduzir o impacto da nova carga tributária. O problema é que isso pode representar perda de milhares de empregos aqui.”
Ele também destaca que, mesmo com um período de transição previsto até 2033, muitas empresas já estão tomando decisões com base na nova realidade fiscal. “O setor produtivo age com planejamento. Quem tem estrutura para migrar, já está fazendo contas para mudar de cidade ou até de estado.”
Precisa-se de estratégia, não só reação
Para o empresário, o momento exige ação coordenada entre o setor público e a iniciativa privada: “Se a prefeitura e o Estado não se movimentarem rápido, o prejuízo será grande. Aparecida precisa apresentar novas vantagens, como mão de obra qualificada, apoio em inovação e infraestrutura logística. Só assim vamos manter as empresas por aqui.”
Maykon reforça que, embora a Reforma Tributária tenha pontos positivos em nível nacional, ela escancara desigualdades regionais: “Municípios como Aparecida vão precisar se reinventar. O modelo que funcionava até agora não se sustenta mais.”
Segundo ele, é preciso também ampliar o debate com entidades empresariais e representantes políticos em Brasília. “Essa é uma luta que vai além da economia local. É sobre manter empregos, renda e oportunidades para milhares de famílias goianas.”
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