Ondas de calor no Brasil podem triplicar nos próximos anos

Já imaginou viver 15 ondas de calor em um único ano? Parece exagero, mas essa é a nova realidade de várias cidades brasileiras. Com o avanço do aquecimento global, eventos extremos de calor estão se tornando não só mais comuns, mas também mais intensos, duradouros e perigosos.
Em cidades como Manaus, Rio Branco e Brasília, as ondas de calor praticamente dobraram nos últimos anos. Em 2023, por exemplo, Brasília registrou 17 ondas de calor, quase três vezes mais do que a média histórica. E 2025 promete números ainda mais alarmantes.
Mas afinal, o que é uma onda de calor?
Não basta estar quente. Para ser considerada uma onda de calor, a temperatura precisa ficar muito acima da média histórica por vários dias consecutivos. No Brasil, segundo o INMET, isso significa temperaturas 5 °C acima da média durante pelo menos 5 dias seguidos.
Esses eventos extremos são causados, em grande parte, por um fenômeno chamado bloqueio atmosférico, quando um sistema de alta pressão impede a chegada de frentes frias. Resultado? Uma espécie de "tampa térmica" que transforma regiões inteiras em verdadeiras panelas de pressão.
O Brasil está entre os líderes mundiais em calor extremo
Um estudo publicado na revista Nature Reviews Earth e Environment revelou que a América do Sul, especialmente sua porção central, foi a região do planeta com mais ondas de calor em 2023 — entre 110 e 150 dias de calor extremo em alguns lugares. O Brasil está no topo dessa lista.
E o problema é agravado em cidades grandes. O chamado efeito "ilha de calor", causado por concreto, asfalto e pouca vegetação, pode elevar ainda mais a temperatura nos centros urbanos.
Onda de calor mata — e não é só figura de linguagem
Apesar de parecer “natural” viver em um país quente, ondas de calor podem ser fatais. Afetam especialmente crianças, idosos e gestantes, além de causar prejuízos em serviços públicos, como transporte, energia elétrica e até na educação. Em 2024, aulas foram suspensas em Porto Alegre e no Rio de Janeiro devido ao calor de mais de 40 °C.
Curiosidades que você talvez não saiba:
✅ As ondas de calor costumam durar de 3 a até 10 dias, mas há registros que ultrapassam duas semanas.
✅ Em 2023, Cuiabá teve 14 eventos de calor extremo — é quase um por mês!
✅ Em São Paulo, foram 15 ondas de calor no mesmo ano. O normal seria algo entre 4 e 5.
✅ Durante uma onda de calor, o consumo de energia elétrica pode aumentar até 30%, principalmente por causa do uso excessivo de ar-condicionado.
✅ A última década (2015 a 2024) foi a mais quente da história humana desde o início dos registros modernos.
O que fazer diante desse cenário?
Hidrate-se constantemente, mesmo sem sede.
Evite sair no horário mais quente do dia (entre 11h e 16h).
Use roupas leves, proteja-se do sol e busque áreas sombreadas.
Plante árvores e incentive áreas verdes — são a defesa natural contra o calor urbano.
Fique atento aos grupos de risco: crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas.
O futuro pode ser ainda mais quente...
O planeta já aqueceu 1,5 ºC acima do nível pré-industrial. Se não mudarmos drasticamente nossos hábitos e políticas ambientais, as ondas de calor serão a nova regra — e não a exceção.
COMENTÁRIOS